Recentemente li o livro Free – O Futuro Dos Preços do Chris Anderson (mesmo autor do famoso “Cauda Longa”). Neste livro, o autor mostra a tendência de zerar custos trazida pela era digital. Anderson afirma que estamos entrando numa era em que a economia pode ser construída em torno do conceito de ‘gratuito’ e como isso afeta a vida das pessoas. O autor acabou percebendo que nunca havia acontecido de toda uma economia ser construída em torno do gratuito e resolveu, então, mostrar como as pessoas fazem dinheiro e quais são as implicações disso…

Anderson aborda o conceito do grátis com citações históricas sobre a evolução do grátis, desde a distribuição de aparelhos de barbear gratuitos por King Gillete, de modo a criar (metade de) uma população dependente das lâminas de barbear. Ou os primórdios das indústrias do rádio e da TV aberta e sua lógica de não cobrar nada dos espectadores e ouvintes, enquanto vende audiência para os anunciantes.

Nos último anos, temos percebido o grande número de “ofertas grátis”, principalmente no mundo digital. Temos o caso de serviços puramente grátis para o usuário como Orkut, Facebook, Twitter, que na verdade utilizam anunciantes como fonte de receita. E alguns outros casos, nos quais os usuários tem acesso livre à uma versão limitada e pagam para usufruir de maiores benefícios, como é o caso do Flickr, Club Penguin, dentre outros. E recentemente, tivemos em São Paulo,  o lançamento das lojas de produtos gratuitos como a Sample Central e o Clube Amostra Grátis.

Chris Anderson cita: “Da perspectiva do consumidor, existe uma grande diferença entre barato e grátis. Dê um produto de graça, e vai espalhar que nem um vírus. Cobre 1 centavo por ele e você estará num negócio completamente diferente. A verdade é que zero é um mercado, e qualquer outro preço é outro mercado”

Para atuar nesse mercado, o autor define novas regras dessa economia:

1. Se é digital, cedo ou tarde será gratuito.
2. Átomos também querem ser gratuitos, mas não tanto.
3. Não tem como parar isso
4. É possível fazer dinheiro a partir do Grátis
5. Redefina seu negócio
6. Se vai ser grátis, seja o primeiro a oferecer grátis
7. Cedo ou tarde, você terá que competir contra alguém Grátis
8. Se algo é muito barato para ser regulado, pare de regular.
9. Toda abundância cria uma nova Escassez. Encontre-a.
10. Administre a abundância, não a escassez de recursos.

A grande “sacada” desse conceito do grátis é que ele permite que um número muito maior de pessoas tenham acesso ao seu produto e serviço. Contudo, um ponto que acho extremamente importante é a conversão desses “experimentadores”em “clientes efetivos”.  Não adianta a sua empresa oferecer algo gratuito como “isca” se não tiver um serviço/produto que realmente agregue valor para que o usuário posteriormente pague por ele.

Como todo bestselller, o livro causou polêmica e debate entre ícones importantes que não concordaram com os argumentos levantados por Anderson. Um deles é o Malcolm Gladwell, colunista do The New Yorker e autor dos bestsellers Tipping Point, Blink, Outliers.

Vale a pena acessar o site The New Yorker e conhecer outro ponto de vista em relação a teoria:
O grande desafio para as empresas é  investigarem os seus negócios e descobrirem se existe algo a ser oferecido como “grátis”, e posteriormente transformar essa estratégia numa poderosa arma para aumentar a sua participação no mercado. Mas, lembre-se, o grátis será uma “amostra”da qualidade do seu produto ou serviço. Então, tenha cuidado.