Antenados nas principais tendências de mercado, nós da Oficina da Estratégia não poderíamos deixar de acompanhar o trendwatching.com. Sua mais recente publicação divulgou as 11 tendências cruciais para o consumo em 2011. Quem é o consumidor da atualidade? O que ele deseja? Como podemos ganhar espaço na sua mente e no seu coração?
Em resumo, o novo consumidor valoriza marcas que realmente se engajam em atos de bondade e generosidade. Com as novas tecnologias é possível conhecer seu consumidor e acompanhar seu dia-a-dia, criando relações aqui e agora. Atentar para características dos grandes centros urbanos e para a facilidade de se comunicar em rede. Explosão dos clubes de descontos online, tipo Peixe Urbano e dos símbolos virtuais no mundo real. Os países emergentes serão o grande público consumidor. Adaptar seus produto e serviços à cultura local será primordial para criar marcas desejadas nestes mercados. O ecológico e sustentável se une ao design, oferecendo funcionalidade e perfomance superior. E, por fim, os consumidores se convencem que, para poder usufruir de mais e melhores experiências, talvez seja necessário compartilhar a propriedade de seus bens; é a tendência de número 11: ownerless, em português, menos dono.
Leia com calma e reflita sobre seu negócio. Esperamos que alguma destas ideias possam inspirar você a repensar seu posicionamento de marca, tornando-a cada vez mais próxima dos seus clientes e consumidores. Confira quais são essas 11 tendências…

Tendência 1 – Atos Aleatórios de Bondade
As marcas que se engajarem em atos de bondade e generosidade ganharão espaço no coração dos consumidores. Para tanto é necessário conhecer o que se passa com o seu consumidor e surpreendê-lo com atos não previsíveis. O consumidor da sua marca passou no vestibular, mande flores para parabenizar. O mesmo pode acontecer para momentos não tão bons. Soube que você teve um dia terrível no trabalho, podemos mandar umas flores para te animar?
Há uma megatendência no ar, que eles chamam Geração G (G de Generosidade, não de Ganância). Está na hora, portanto, da sua marca se engajar em Atos Aleatórios de Bondade. Segundo eles, os consumidores estão buscando “a coisa real”, o toque humano. Por isso, é importante que as marcas estejam sempre surpreendendo e buscando maneiras mais efetivas de se conectarem com os consumidores.
O principal combustível dessa tendência é a capacidade que as marcas têm atualmente de saber o que está acontecendo nas vidas dos consumidores, na medida em que as pessoas tornam público cada vez mais, por meio do Facebook, do Twitter, etc., o que ocorre em suas vidas, como estão seus humores e em que lugar estão.
As redes sociais também permite que “atos de bondade” vão bem além dos seus destinatários, pois eles alegremente contam as boas notícias a amigos e seguidores. Segue um exemplo interessante para se copiar ou aperfeiçoar em 2011:
A companhia aérea holandesa KLM lançou uma campanha no Foursquare chamada ‘How Happiness Spreads’ (“Como a felicidade se espalha”), que empregava uma “equipe surpresa” para dar presentes inesperados a determinados passageiros nos aeroportos. Durante o mês passado, novembro de 2010, tão logo alguém fazia o check-in em uma locação da KLM no Foursquare dentro da sua rede de aeroportos, a Equipe Surpresa buscava online mais informações sobre a pessoa, decidia qual o presente adequado e entregava-o antes do vôo. Um passageiro, por exemplo, tuitou que perderia um jogo do PSV Eindhoven enquanto estava em Nova York. A Equipe Surpresa lhe um guia Lonely Planet de NYC com todos os bares onde ele poderia assistir o jogo marcados em azul.
Tendência 2 – Urbanomics
A urbanização permanece como uma das megatendências absolutas para a próxima década. Eis uma estatística: “Hoje, metade da população mundial – 3 bilhões de pessoas – vive em áreas urbanas. Próximo a 180 mil pessoas se mudam para as cidades a cada dia, somando aproximadamente 60 milhões de novos habitantes urbanos a cada ano.” (Fonte: Intuit, outubro de 2010)
Como isso mudará a arena de consume em 2011 e além? Em primeiro lugar, os consumidores urbanos tendem a serem mais preocupados com os outros, mais liberais, mais tolerantes, mais experientes, mais dispostos a experimentar novos produtos e serviços.
Fornecer o que os cidadãos dessas vastas entidades urbanas buscam exige uma abordagem local e dedicada em termos de produtos, serviços e campanhas. Resumindo: em 2011, aposte em produtos, serviços, experiências e campanhas que atendam as necessidades bem específicas (e provavelmente mais refinadas e mais experientes) desse mundo urbano, preferencialmente cidade por cidade. E não esqueça de temperá-los com uma boa dose de “ORGULHO URBANO”.
Tendência 3 -“Pandemônio” dos preços
Consumidores sempre buscaram ofertas e descontos. Com acesso às novas tecnologias, esse processo ficou mais fácil e acessível:
Mais consumidores estão conectados o tempo todo e quando ouvem falar de bons negócios online eles rapidamente espalham a notícia em suas redes sociais.
Cada vez mais, os consumidores farão parte de redes ou grupos exclusivos que ou receberão ou solicitarão ofertas especiais (Peixe Urbano, Groupon, etc..).
Cada vez mais, celulares e smartphones serão capazes de encontrar ou receber ofertas no ponto de venda, ou comparar preços online. Exemplo: Amazon.com acaba de lançar um aplicativo para iPhone que permite aos usuários comparar preços ao escanear o código de barra dos produtos, ou fotografando-o, ou simplesmente dizendo seu nome.
Tendência 4 – Feito para China (e para os BRIC como um todo)
Em 2011, espera-se que um número crescente de marcas “ocidentais” lancem novos produtos ou até novas marcas dedicadas (ou pelo menos demonstrando um adequado respeito) aos consumidores do mercados emergentes. Afinal, é onde o dinheiro está agora, e as marcas ocidentais ainda são as preferidas em comparação com as marcas locais. Ou seja, uma combinação de qualidade percebida com um toque de “regionalismo” faz todo sentido.
Os consumidores chineses, indianos e brasileiros vão certamente apreciar produtos desenhados para suas reais necessidades e desejos, seja por razões práticas (formato, tamanho, características, seja pelo profundo desejo de reconhecimento (orgulho cultural, herança, estilos de vida). Grande parte dos consumidores chineses confia e prefere marcas estrangeiras.
Um exemplo de que já aplicou essa tendência é a Apple em Shanghai. Os funcionários da loja passaram a usar camisetas vermelhas com o slogan ‘Designed in California, Made for China’, escrito em mandarim. A mensagem é uma brincadeira com a placa que existe na parte de trás de todos os iPhones: ‘Designed by Apple in California, assembled in China’.
Tendência 5 – Os  símbolos de status online
A cultura online ainda é A cultura e, portanto, assistiremos um crescimento nos símbolos de status online em 2011 (afinal, símbolos de status são o melhor reflexo do sentimento do mundo). O que começou com os indicadores de números de visitantes às páginas do Flickr e aos blogs agora virou febre: número de amigos no Facebook e nas demais redes sociais, seguidores no Twitter,  followers, check-ins no Foursquare e qualquer outra coisa que prove o quão ‘wired’ você é.
Em 2011, você não pode errar oferecendo aos seus consumidores símbolos de qualquer espécie, virtual ou real, que eles possam mostrar como sinal de que seguem, curtem, postam ou são populares online.
Mas há um elemento extra a ficar de olho no ano que vem: novos símbolos de status que ocupam tanto a arena virtual como a real. Um exemplo é o Twournal permite que os usuários do Twitter transformem seus tweets e imagens em um jornal verdadeiro. Além de criar suas próprias edições, os usuários podem comprar e vender publicações de outros.
Tendência 6 – “Wellthy”
Para muita gente, hoje em dia, gozar de boa saúde é tão importante quanto possuir os maiores, mais novos e mais brilhantes símbolos de status. Espera-se, portanto, para 2011, um grande crescimento de serviços que de fato melhorem a qualidade de vida e não apenas tratem de males e doenças. Alguns sinais dos tempos:
73% dos consumidores americanos consideram estar em boa forma física imporantes para se sentirem “bem”, e 74% incluem “sentir-se bem sobre eles mesmos”. (Fonte: The Hartman Group, agosto de 2010)
Aproximadamente 500 milhões de pessoas em todo o mundo deverão estar usando aplicativos de cuidados com saúde em seus celulares no ano de 2015. (Fonte: Reasearch2Guidance, novembro de 2010)
Em 2011, considere que mais tecnologias de monitoramento vão se tornar portáveis ou até “vestíveis”, além de ficarem mais baratas (os smartphones de muitos consumidores são atualmente mais avançados do que muitos equipamentos médicos).
Além disso, tanto as redes de saúde vão oferecem plataformas para compartilhar, comparar e permitir a discussão de assuntos de saúde com outros consumidores.
Isso significa que mais consumidores escolherão produtos que carregam benefícios neles e que são bem desenhados, desejáveis, acessíveis, divertidos, saborosos e interessantes. Alguns exemplos:
Sleep On It é um aplicativo para iPhone que permite aos usuários rastrear os seus padrões de sono noturno. Esse instrumento grátis pode determinar que fatores estão afetando seu sono e quanto sono por noite é necessário para você se sentir descansado e energizado. Com o Sleep On It, você mede a duração e qualidade do seu sono, assim como o tempo gasto roncando e como isso está afetando a sua saúde e a sua qualidade de vida.
Phillips DirectLife é um monitor pequeno, leve e “vestível” que constrói um registro detalhado das atividades diárias do usuário. Os dados são postados em um site pessoal, mostrando quantas calorias são queimadas no dia. E os usuários rastreiam seus progresso contra metas pessoais e têm acesso a um coach online. Podem também fazer comparações com outros usuários e conectar-se com uma comunidade online.
Tendência 7 – Social-lites e Twinsumer
Em 2011, o boca a boca e as recomendações serão ainda mais importantes. Se os TWINSUMERS (consumidores com padrões de consumo, preferências e aversões similares, e que são portanto fontes valiosas de recomendações sobre o que comprar e experimentar) têm tudo a ver com aperfeiçoar a “curadoria da busca”, SOCIAL-LITES têm tudo a ver com descobertas, à medida em que os consumidores se tornam curadores; ativamente divulgando, remixando, compilando, comentando, compartilhando e recomendando conteúdos, produtos, compras, experiências tanto para os amigos como para audiências maiores.
Por que os consumidores iriam querer se tornar curadores? Porque muitos deles estão investindo tempo e esforço na construação de suas MARCAS PESSOAIS, via perfis online que registram suas opiniões e recomendações. E as audiências na economias do conhecimento valorizam informações interessantes, relevantes e úteis, conferindo status àqueles curadores ou SOCIAL-LITES que as compartilham.
Adicionalmente, nunca foi tão fácil ser um SOCIAL-LITE. Em vez de ligar, enviar um sms ou mesmo um email pessoal para as pessoas, os fluxos das redes sociais permitem que os usuários divulguem facilmente a informação a um grande número de pessoas sem interrupção ou intrusão.
Assim, os consumidores falarão mais sobre marcas em 2011 do que nunca antes, e as oportunidades para marcas que criarem conteúdo envolvente que os consumidores queiram compartilhar, ou que disponham de personalidades que de fato envolvam os consumidores, será maior do que nunca. Fazer com que os SOCIAL-LITES “retuitem” ou afirmem “curtir” esse conteúdo é, naturalmente, a exigência número 1. Exemplos:
O STRP Art and Technology Festival que ocorre de 18 a 28 de novembro de 2010 em Eindhoven, na Holanda, usou uma pulseira com RFID em museus e galerias para que os convidados dessem notas às obras. Os visitantes usavam as pulseiras com RFID e ‘dashes’ (traços que representavam quanto eles gostavam de algo) para taguear a obra, combinando os resultados para criar uma “tag cloud” que apresenta as mostras mais populares e onde estão localizadas.
A Levi’s integrou sua loja online com o Facebook, permitindo aos clientes interagirem socialmente com amigos e criarem uma experiência de “curtir enquanto compram”. Na loja da Levi’s no FB, os usuários são capazes de compartilhar produtos com amigos através da “Friend Store”, dos botões ‘Like’ou fazer buscas pelos produtos ‘Top Liked’.
Tendência 8 – Generosidade emergente
Essa tendência tem a ver com marcas e indivíduos poderosos de mercados emergentes (sim, especialmente da China) dos quais se espera mais generosidade em lugar de apenas vender e pegar. E não apenas em seus países, mas em uma escala global. Um comportamento que é comum em mercados maduros. Vejam alguns dados:
86% dos consumidores globais acreditam que os negócios precisam dar um peso pelo menos igual aos interesses sociais.
78% dos consumidores indianos, 77% dos chineses e 80% dos brasileiros preferem marcas que apóiam boas causas, comparado com 62% dos consumidores globais.
8 em cada 10 dos consumidores na Índia, China, México e Brasil esperam que as marcas doem uma parte de seus lucros para apoiar uma boa causa. (Fonte: Edelman, novembro de 2010.)
Tendência 9 – Espontaneidade Planejada
Dois anos atrás, uma das tendências apontadas pelo Trendwatching foi denominada de “Nowism”, que era a busca dos consumidores pela gratificação espontânea sendo estimulada pelo surgimento de produtos e serviços mais rápidos e mais acessíveis em tempo real. Eles chamavam a atenção, então, para que essa tendência era parte de algo maior, tanto culturalmente como social e tecnologicamente: uma busca por maior espontaneidade. Com os estilos de vida tornando-se fragmentados, ambientes urbanos mais densos e celulares/smartphones criando uma geração com pouca experiência de fazer (ou seguir) planos rígidos, 2011 verá um crescimento na ESPONTANEIDADE PLANEJADA.
Os consumidores no ano que vem vão correr para se inscrever em serviços (essa é a parte PLANEJADA) que permitam o que o Trendwatching chama de “mass mingling”, que é a subtendência das pessoas levarem para o “mundo real” os seus relacionamentos online (e aí entra a parte da ESPONTANEIDADE)
O que vem por aí? Olhe para além do Twitter e conte com os consumidores (mais jovens) voluntariamente fazendo opt-in para passiva e continuamente compartilharem suas localizações, em troca de sugestões relevantes sobre o que deveriam estar fazendo ou com quem deveriam  se encontrar. Os consumidores aceitarão que os dados de seus celulares sejam capturados, agregados, analisados e compartilhados? Se os benefícios forem interessantes, divertidos ou suficientemente relevantes para a vida deles, pode apostar que sim.
Para os consumidores, saber quem está perto deles e onde exatamente é a chave para a ESPONTANEIDADE PLANEJADA. E isso vai ficar muito mais fácil, porque a geolocalização está se tornar um recurso chave das redes sociais e dos aplicativos web  (com os atuais serviços adicionando informação sobre localização, como o Facebook Places, o Twitter locator e o Google’s Hotpot, e o surgimento de serviços dedicados como o Foursquare, o Gowalla e o Brightkite).
Exemplos:
Geomium pega dados de “review sites” locais como Yelp e Qype e combina-o com informação social para não apenas permitir aos usuários tanto ver  quais amigos estão por perto como também para encontrar eventos, locais e ofertas nas proximidades.
Unsocial busca ser um facilitador para pessoas encontrarem outras com a mesma profissão ou no mesmo negócio.
Tendência 10 – Eco Superior
Em 2011, o desafio número 1 para governos, consumidores e empresas (com ou sem recessão) permanece a busca por uma sociedade e uma economia ambientalmente sustentáveis. Em termos de “consumo verde”, aguarda-se um crescimento de produtos “ecossuperiores”, produtos que são não apenas eco-amigáveis mas superiores aos concorrentes poluidores de todas as maneiras possíveis. Pense em uma combinação entre ecológico com funcionalidade superior, design superior e mais ganhos de economia.
Por que a necessidade de ser ecossuperior? O número de consumidores ativamente procurando produtos “verdes” está atingindo um patamar significativo, na medida em que os consumidores começam a valorizar essa questão.
A tendência são produtos amigos do meio-ambiente com funcionalidade e design superiores.
Tendência 11 – Owner-less
A tendência é que as pessoas prefiram alugar em vez de comprar. Em outros termos, acesso é melhor do que propriedade. Vejam os casos de Rent the Runway (moda),  Avelle (bolsas – antes “Bag, Borrow or Steal”) e P1(carros de luxo). Praticamente nenhum setor está escapando dessa tendência.
Para os consumidores, o apelo é óbvio:
A posse tradicional implica um certo nível de responsabilidade, custo e comprometimento. Os consumidores que procuram por conveniência e pelo máximo de experiências possíveis não querem nada disso.
A propriedade de cotas e o leasing oferecem a possibilidade de atualizações perpétuas e a capacidade de maximizar o número e a variedade de experiências, permitindo ainda o acesso a luxos antes fora do alcance.
A posse de itens que são usados irregularmente é caro e insustentável, especialmente nos adensados ambientes urbanos onde espaço vale cada vez mais. Com mais consumidores tendo acesso móvel a sistemas online, torna-se fácil reservar itens quando e onde são necessários.
2011 pode ser o ano em que compartilhar e alugar vai ocupar um espaço privilegiado na mente do consumidor. Clubes de carro estão surgindo em todos os lugares, inclusive no Brasil (Zazcar). Zipcar é líder de mercado nos EUA e, Austrália, surgiu o GoGet.
A economia OWNER-LESS deve crescer também porque todas essas iniciativas de transportes são altamente visíveis e tornarão os consumidores acostumados e mais confortáveis com a idéia de compartilhar e alugar produtos mais caros e até símbolos de status.
Se quiserem acessar o relatório completo (disponível apenas em inglês). Acessem o link:
http://trendwatching.com/briefing/